Coluna Fernando Calmon: Excesso de otimismo inicial só atrapalha avanço de elétricos. Estudo encomendado pela Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores) sobre compra de veículos “eletrificados” no Brasil apontou que 88.000 unidades deixaram de ser vendidas em 2024. O relatório já mostra um equívoco ao partir da premissa de que híbrido seja uma “espécie” de elétrico. Na realidade é uma opção mais racional dentro de uma transição claramente precipitada e errática, não apenas no Brasil.
A pesquisa se preocupa em apontar situações como “insegurança causada por posts e vídeos negativos”. Parte do pressuposto de inexistência de contrabalanço por vários sites e posts com apologia exagerada ao elétrico (“lovers”) e que acabam levando o comprador a escolha equivocada ou inadequada. Desvalorização no mercado de usados também gera mais insegurança do que posts exagerados e, às vezes, cômicos dos chamados “haters”.
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Quem compra um híbrido plugável, por exemplo, quer evitar aborrecimentos de alcance limitado e procura por pontos de recarga principalmente em estradas ou tempo de espera.
Mercado mundial de elétricos, mesmo na China, passa por momentos de incertezas. Isso se reflete em países onde o poder aquisitivo é uma das barreiras iniciais, a exemplo do Brasil. No exterior, ora as vendas caem, ora se recuperam. O assunto preocupa governos e fabricantes. Isso motivou o influente site Automotive News Europe (ANE) a reservar um painel de discussão no seu tradicional congresso, este ano em junho próximo, em Turim, Itália.
Sob o tema Uma estrada acidentada para a eletrificação, ANE destacou: “União Europeia e Reino Unido determinaram que só carros de emissão zero poderão ser vendidos a partir de 2035. Há apenas alguns anos, parecia viável. Mas, pandemia, guerra na Ucrânia, inflação, tarifas e outras questões tornaram esse prazo incerto.”
Novo Kicks é a virada que a Nissan quer e precisa
Sem descontinuar a versão atual, que se mantém em linha como Kicks Play, a Nissan poderá alcançar maior exposição ao mercado e, além disso, um providencial aumento de vendas com o novo Kicks. Na realidade é um SUV completamente renovado e bem mais atraente. Foi mostrado sem disfarces (exceto o interior) numa cerimônia em que, finalmente, se assinou a regulamentação do Mover, programa federal de importância fundamental para a indústria automobilística brasileira por introduzir conceitos de eficiência energética, consumo de combustíveis e reciclagem, entre várias outras exigências de grande significado.
O novo SUV chegará ao mercado agora em junho, pouco depois do VW Tera. Apesar de a marca japonesa não revelar as dimensões, elas estão disponíveis no site da Nissan México, onde a empresa é líder confortável de mercado. Comprimento, 4.365 mm; entre-eixos, 2.655 mm; largura, 1.800 mm; altura, 1.600 mm, significativamente melhores desde o espaço interno até o porta-malas. Além disso terá um motor turbo flex de 1 litro, praticamente igual ao do Kardian, todavia produzido em Resende (RJ). Confirmaram-se os investimentos de R$ 2,8 bilhões no Brasil para os próximos quatro anos, iniciados já em 2024.
As novidades prosseguem ainda este ano com um SUV médio para enfrentar Compass e Corolla Cross. A temporada de boas notícias para a Nissan, depois da fracassada tentativa de fusão com a Honda, passou pela atuação discreta, contudo firme, da Renault. Houve acertos financeiros e societários profundos na Aliança, anunciados no começo deste mês. A francesa comprou as operações da japonesa na Índia, no entanto não deve se repetir no Brasil.
Omoda E5 e Jaecoo 7 reafirmam ofensiva chinesa
As duas marcas representam a Chery International no mercado de modelos mais caros e lança agora dois SUVs simultaneamente. O grupo chinês pretende voltar a produzir no Brasil dentro dos próximos dois anos, provavelmente em Jacareí (SP), onde construiu uma fábrica em 2014 e fechou-a em 2022, já sob responsabilidade da CAOA Chery. Uma nova unidade seria construída no mesmo terreno e a primeira poderia produzir outros modelos com o sócio brasileiro (previsão era este ano e nada aconteceu).
Omoda E5 é um SUV cupê elétrico de porte médio, desenho futurista e tecnologia avançada. Comprimento, 4.424 mm; distância entre-eixos, 2.630 mm; largura, 1.830 mm; altura, 1.588 mm; porta-malas, 378 L. Motor de 204 cv e 34,7 kgf·m garante aceleração de 0 a 100 km/h em 7,6 s. Bateria de 61,1 kW·h proporciona alcance médio de 345 km (padrão Inmetro).
No interior, ambiente moderno e funcional. Oferece duas telas de 12,3 pol., conectividade sem fio para Android Auto e Apple CarPlay e carregador de celular por indução de 50 W. Ao volante, no autódromo Capuava, em Indaiatuba, SP, o E5 destacou-se pelo rodar silencioso, semelhante a outros elétricos, aceleração dentro do esperado, direção precisa e freios adequados para uma massa de 1.710 kg.
A Chery não confirmou, ainda assim há rumores sobre uma versão híbrida plena do Omoda. Preço: R$ 209.990
Quanto ao Jaecoo 7 SHS, trata-se de um híbrido plugável, mesma estrutura do Caoa Chery Tiggo 7, contudo estilisticamente mais atraente. Há duas versões: Luxury (R$ 229.990) e Prestige (R$ 249.990). Dimensionalmente é bem próximo do Tiggo 7 com largura e entre-eixos iguais: porta-malas, 500 L. Ao motor a gasolina, 1,5 L, turbo, 135 cv e 20,4 kgf·m associa-se o elétrico de 204 cv e 31,6 kgf·m para potência e torque combinados de 339 cv e 52 kgf·m. Câmbio é CVT de sete marchas. Alcance médio, padrão Inmetro: 738 km (cidade) e 714 km (estrada). Tanque de 60 litros permite rodar até mais 1.200 km, em condições específicas.
A central multimídia conta com enorme tela vertical fixa de 14,8 pol., suporte a Android Auto e Apple CarPlay sem fio, reconhecimento facial e atualizações remotas. No mesmo autódromo, surpreendeu por sua condução refinada, alto desempenho e transições quase imperceptíveis entre os modos de condução.
BYD King GS atrai pelo preço e desempenho
Desafiar o sedã médio-compacto da Toyota é o que vários fabricantes tentaram, entretanto sem sucesso. Apesar disso, a versão híbrida do Corolla tem suas limitações: uma delas o desempenho bem inferior ao King GS. O modelo chinês conta com dimensões que lhe garantem mais espaço interno, em particular no banco traseiro: comprimento, 4.780 mm; entre-eixos, 2.718 mm; largura, 1.837 mm e altura, 1.495 mm. Porta-malas de 450 L é um pouco menor que os 470 L do rival japonês. Porém, os bancos elétricos dianteiros são estreitos e falta o apreciado teto solar.
Acabamento e materiais se destacam. Perde em aspectos como má localização das duas entradas para recarga do celular apenas do antigo tipo USB-A, impossibilidade de conexão sem fio para Apple e superaquecimento durante carregamento por indução (sem ventilação). Pontos a favor: tela multimídia de 12,8 pol. e freio de estacionamento eletromecânico de imobilização automática ao parar. Em segurança ativa decepciona pela ausência da frenagem automática de emergência, alertas de pontos cegos e de permanência em faixa de rodagem.
Mecânica é seu ponto alto. O híbrido plugável tem motor a combustão, gasolina, 110 cv/13,8 kgf·m e na versão de topo avaliada combina-se ao elétrico de 197 cv/33,1 kgf·m. Potência total de 235 cv o torna bem mais rápido que o oponente nipônico: acelera de 0 a 100 km/h em 7,3 s contra tímidos 12 s do Corolla.
Bateria do King também é maior (18,3 kW·h). Com tanque de 48 L indica alcance em cidade de 806 km e 706 km em estrada (padrão Inmetro). Apenas no modo elétrico, pode rodar até 80 km conforme homologação e se pouco exigido chega a 100 km. O sistema administra de forma contínua a carga da bateria, que nunca se esgota totalmente.
Preço: R$ 191.900.

