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Cuidados para evitar acidentes na carga e descarga das entregas  

Cuidados para evitar acidentes na carga e descarga das entregas  

Profissão: Cuidados para evitar acidentes na carga e descarga das entregas  

A cena é comum: baú aberto na calçada, motorista apressado descarregando caixas, trânsito passando a centímetros, nenhuma sinalização. No transporte urbano de cargas, o tempo é curto e o espaço, apertado, fazendo que os momentos de carga e descarga sejam tão críticos quanto o próprio trajeto. E, muitas vezes, são tratados com descuido, sendo que um erro que pode custar caro.

Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o transporte rodoviário é responsável por cerca de 60% de toda a movimentação de cargas no Brasil. Nos centros urbanos, esse número é ainda mais expressivo, com motoristas autônomos e pequenos frotistas realizando centenas de entregas por dia em caminhonetes, VUCs e furgões, principalmente em tempos de e-commerce e delivery.

Mas é justamente nesse cenário urbano que as situações de risco se multiplicam. O momento de estacionar, abrir o baú e mover volumes, geralmente com o motorista sozinho e sem apoio, envolve muito mais do que logística: é uma questão de segurança. E, na pressa para cumprir horários, muitos profissionais ignoram esse ponto essencial.

Pressa, improviso e falta de estrutura

Para o motorista autônomo que atua no “chão quente” das cidades, o maior inimigo costuma ser o tempo. Cargas com múltiplos destinos, janelas de entrega apertadas e restrições de circulação exigem agilidade máxima. Na prática, isso se traduz em manobras apressadas, descarregamentos na rua, empilhamentos improvisados e ausência total de equipamentos de proteção.

O processo de carga e descarga é muitas vezes visto como uma etapa menor, mas é ali que acontecem quedas, lesões e danos à carga. Especialistas afirmam que a negligência com a segurança é frequente, especialmente em operações fragmentadas e sem apoio de equipe.

Equipamentos que salvam vidas (e previnem prejuízos)

Para quem trabalha sozinho, cada etapa precisa ser planejada. Equipamentos como luvas, calçados com bico reforçado, cintos de segurança para acesso ao baú e fitas de ancoragem de carga são baratos, fáceis de usar e ajudam a evitar desde lesões por esforço repetitivo até tombos graves durante o acesso à caçamba.

Mas seu uso ainda é raro entre autônomos urbanos. Muitos acham que não precisam porque estão só ‘entregando ali na esquina’, mas é aí que mora o risco. É descendo do caminhão, escorregando com peso nas mãos, que o profissional pode se machucar.

A transportadora digital Motz reforça a importância dos dispositivos antiqueda, como talabartes e cintos paraquedistas, especialmente em veículos mais altos. Além disso, a correta fixação e distribuição da carga dentro do compartimento é essencial para evitar deslocamentos que comprometem o equilíbrio do veículo ou dificultam a retirada dos volumes de forma segura.

“Esses dispositivos são fundamentais não só para proteger os trabalhadores, mas também para facilitar o acesso ao caminhão e garantir a descida com cautela ao final da operação”, alerta André Pimenta, CEO da empresa.

Normas ignoradas, acidentes evitáveis

Apesar das normas que regulam tempo máximo de carga e descarga e da exigência de infraestrutura mínima por parte de embarcadores e lojistas, o que se vê nas cidades é o improviso como regra. Cargas são descarregadas na calçada, em cima de pistas de rolamento ou, pior, em meio a pedestres e ciclistas.

Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os acidentes nas vias urbanas aumentaram em 2024, refletindo um problema que vai além do trânsito: a falta de estrutura e de cultura de segurança nas operações urbanas de entrega.

Por isso, é crucial que embarcadores e motoristas sigam práticas essenciais para garantir entregas mais seguras. “Nesse meio, também é importante que as transportadoras apoiem seus parceiros e sempre reforcem as medidas de cuidado para toda a cadeia logística”, completa.

Segurança como investimento para o motorista autônomo

Para o autônomo, trabalhar com segurança não é luxo — é estratégia de sobrevivência. Lesões, afastamentos e acidentes impactam diretamente na capacidade de gerar renda. Adotar boas práticas e investir em equipamentos básicos pode parecer custoso no início, mas evita prejuízos maiores com dias parados, carga danificada ou acidentes de trabalho.

Além disso, operações seguras reduzem o desgaste físico e emocional do motorista, aumentando sua longevidade na profissão e sua produtividade diária. “A segurança no transporte rodoviário não deve ser vista como um custo, mas sim como um pilar essencial para a continuidade e o sucesso das operações logísticas”, finaliza o CEO. Segurança é investimento, e quanto mais o motorista urbano entender isso, mais rentável e sustentável será seu negócio

Ruas mais seguras começam com profissionais mais protegidos

Com o crescimento das entregas urbanas, especialmente no varejo e e-commerce, é inevitável que a rotina dos motoristas autônomos siga intensa. Mas isso não pode significar mais risco.

Sinalizar a área de descarga, usar os equipamentos corretos, respeitar os limites físicos do corpo e conhecer as normas locais de carga e descarga são ações simples, mas vitais. Elas não só previnem acidentes, como ajudam o motorista a manter uma rotina de trabalho mais organizada e lucrativa.

Segurança, nesse contexto, deixa de ser um detalhe técnico e passa a ser um elemento essencial da profissionalização do transporte urbano de cargas.

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