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Encontro Internacional de Retíficas debate novas tecnologias

Promovido pelo Conselho Nacional de Retíficas de Motores (CONAREM), o Encontro Internacional de Retíficas debate novas tecnologias, evolução da frota e modelo de gestão. O evento, realizado no dia 26 de abril, durante a Automec – 14ª Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços, no São Paulo Expo, em São Paulo (SP) reuniu mais de 200 representantes e personalidades do setor.

José Arnaldo Laguna, presidente do CONAREM, falou sobre algumas das atividades desenvolvidas nos 20 anos da entidade. “Todos os assuntos são debatidos e aprovados em reunião nas plenárias do CONAREM. Vocês, associados, decidem e a diretoria executa”, comentou.

“Em curto e médio prazos, o futuro no Brasil não é elétrico”. Esta foi a afirmação de Rodrigo Bitencourt, gerente de desenvolvimento de aftermarket da Motorservice, na palestra Eletrificação Veicular, ressaltando que há desafios para serem vencidos, como ponto de carregamento, distribuição e falta de energia no País, além de custos elevados de produção. “Um carro elétrico gasta cinco vezes mais energia para ser produzido do que um veículo com motor a combustão”, comentou.

Falou também que o Rota 2030 oferece apenas um incentivo no IPI entre 7% a 20% (atual 25%) para os veículos elétricos/híbridos. “O Brasil e a Argentina priorizam os motores de combustão devido aos incentivos a esses combustíveis”, ressaltou.

Concluindo falou que, apesar da tendência global de eletrificação, no Brasil, ainda vai ter frota de veículos a combustão por muitos anos. “Devemos investir em melhorias nos motores, como injeção água/GNV, redução de atrito, turbo variável, desativação cilindro e uso plástico, para torná-los mais limpos e eficientes, prolongando sua aplicação nos diferentes tipos de veículos”, ressaltou.

Seguindo a programação do evento internacional, Thiago Nogueira, que atua na área de reposição do Sindipeças e assessora o GMA – Grupo de Manutenção Automotiva, falou sobre a evolução da frota de veículos no Brasil que já atinge 44 milhões de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, somando motos chega a quase 60 milhões, volume expressivo sendo o 6° maior mercado do mundo, ficando atrás apenas da China, Estados Unidos, Japão, Rússia e Alemanha. Nogueira destacou que além da quantidade, mesmo em época de crise das vendas de veículos novos, a frota circulante brasileira continuou crescendo e também vem ficando mais envelhecida. “Veículos entre 10 e 20 anos devem crescer nos próximos anos, o que é positivo para o mercado de retíficas porque é com essa média de idade que surge a demanda de serviço para o setor”, comenta.

Outro ponto importante destacado pelo representante do Sindipeças foi a respeito da concentração da frota circulante. O estado de São Paulo reúne 30% dos veículos que trafegam no País, depois vem Minas Gerais com 12% e Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul com 8% cada um.

Com relação à evolução do aftermarket, Nogueira citou o estudo da McKinsey, mostrando crescimento em torno de 5% até 2027, movimentando R$ 100 bilhões em toda a cadeia do fabricante até as oficinas. Desse volume 20% são de manufatura, 30% distribuição de peças e 50% peças e serviços, o que significa metade do valor total, muito representativo.

Assim como a evolução gradual dos veículos flex no Brasil, começando de 2002 para cá quando teve início essa modalidade de combustível, que chega a 70% da frota, o representante do Sindipeças explicou que as mudanças com as nova tecnologias vão depender de o consumidor adotar. “Os veículos flex são a maioria hoje porque foi uma opção vantajosa para o consumidor e é assim que deve acontecer com as novas tecnologias, como elétricos e híbridos. Ainda que hoje a frota de elétricos no Brasil é de apenas 11.048 unidades, bem inexpressiva comparada aos 44 milhões, é preciso considerar as mudanças e estar atento para acompanhar os n ovos conceitos e a influência do mundo digital no hábito de consumo das pessoas”, enfatizou.

A visão do futuro da retificação na América do Norte – Rob Munro, diretor da AERA – Engine Builders Association, dos Estados Unidos, é do Canadá, mas trabalha em Chicago e entrou no setor pela paixão por carros. Disse que, no Canadá, há um programa de aprendizado de 4 anos para certificação, e na associação, desde 1922, ou seja, há quase 100 anos, investem em treinamento e capacitação. “Falta gente capacitada para trabalhar na América do Norte e os jovens não têm interesse em entrar no setor”, enfatizou. De acordo com Munro, a idade média na indústria automotiva é 50 anos e 45% das pessoas trabalham há mais de 30 anos no setor. “Precisamos de mecanismos para atrair os jovens, pois trabalho tem, mas não há pessoas capacitadas para realizar”, disse.

Falou sobre o Hot Rodders, programa para jovens de ensino médio, onde montam motores pequenos Chevrolet. Também há programa para crianças de 5 anos, onde desmontam, mensuram e montam de novo o motor. “É preciso envolver as crianças e jovens”, afirmou. Além disso, os profissionais precisam investir em capacitação. “Não adianta falar que não tem tempo e dinheiro, pois há bolsas e subsídios para treinamento”, ressaltou.

Para atrair os jovens, o empresário deve ter atenção também à aparência do negócio, que deve ser claro, estar limpo, organizado e ter equipamentos modernos.

Destacou ainda que os eventos, como o Encontro Internacional de Retíficas, são fundamentais para compartilhamento de informações e para a aprendizagem.

Falou também que, desde 2008, quando iniciou a recessão nos Estados Unidos, as vendas de serviços despencaram nas oficinas, que tiveram que se reinventar. “Tivemos que ganhar com outros motores, pois não dava para trabalhar só com o automotivo. Diversificamos para o motor diesel e motocicletas. É preciso ter a mente aberta”, comentou Munro, ressaltando que tiveram que aprender rápido.

Gestão, capacitação e gerenciamento dos serviços nas retíficas – Frank Mac Nicol, presidente do WERC, Conselho Mundial de Recondicionamento de Motores, representante da RMI e membro da associação de retíficas da África do Sul, falou sobre o trabalho que desenvolve em sua empresa e também para o setor. Nicol falou da importância de unir as empresas de vários países como membros WERC para discutir sobre problemas em comum, apresentar soluções e também ter força e efetividade em assuntos para levarem aos governos dos países membros do WERC. Como exemplo, ressaltou que as retíficas deveriam ter crédito de carbono com redução de impostos porque trocam peças de motores de veículos mais antigos por outras com novas tecnologias mais eficientes para redução de emissões de poluentes, contribuindo para diminuição de CO². Mas isso só pode ser possível com a união dos membros do WERC para levar essas demandas aos governos.

Outro assunto destacado pelo presidente é com relação ao programa de treinamento que ele está desenvolvendo para jovens que querem ingressar no mercado e para níveis intermediário e avançado. Nicol acrescentou também que esse aperfeiçoamento é necessário devido à evolução das peças e suas complexidades. A ideia é que exista padrão de capacitação para empresas de todos os portes.

Finalizando a apresentação, Nicol deixou mensagem otimista: “WERC nos levará para o futuro”.

Estiveram presentes no evento, que foi organizado por Omar Ricardo Chehaybe, diretor internacional do CONAREM, representantes do setor de diversos países, entre eles, Estados Unidos, Argentina, México, Guatemala, Chile, Uruguai e Paraguai.

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