Combustível: Com alta no preço, transportadores têm que se virar
Com média de R$ 6,977 no país, o diesel comum fica cada vez mais impactante no valor do frete e certamente vai afetar o consumidor e todas as pontas da cadeia de distribuição
Texto: Carol Vilanova
Fotos: Freepik /distribuição
O começo de março deu mais um susto daqueles no transportador – na verdade, em todos nós – com o anúncio do reajuste de quase 25% nos preços do diesel e da gasolina. Apesar de ter ficado alguns meses aumento, vamos lembrar que no ano passado sofremos com quase 50% de aumento em todos os combustíveis, a decisão da Petrobrás era necessária, segundo a própria estatal.
Para causar ainda mais susto dentro de casa, o gás de cozinha, chamado de GLP, também teve o seu ajuste, após um jejum de 5 meses sem alteração. No final do dia, todos os brasileiros são afetados, pois lideram a alta na inflação em todas os elos da cadeia de distribuição e consumo.
Para entender melhor, desde o ano de 2016 a Petrobras pratica a Política de Paridade de Importação (PPI), seguindo, na maioria das vezes, os preços internacionais. Então, esse último aumento está ligado à alta global do preço do petróleo, e agravada por conta da desvalorização do real.
O preço do combustível deu uma guinada para cima no mundo inteiro. Segundo os dados, o preço do barril de petróleo do tipo Brent (referência usada pela Petrobras) chegou a subir mais de 40% em um mês, ultrapassando o valor de US$ 130/barril no mercado internacional. A guerra entre Rússia e Ucrânia é um dos motivos dessa alta no preço do barril, o que impacta o mundo inteiro.
Recentemente, o Senado chegou a aprovar um projeto de lei complementar (PLP) 11/2020, no qual propunha a adoção de um ICMS único para todos os estados, a fim de reduzir os preços da gasolina e do óleo diesel no país, porém, como foi modificada pelos senadores, a matéria voltou para análise da Câmara.
Comparando os preços
De acordo com os estudos da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Fertilizantes (Fecombustíveis), o litro de gasolina subiria em média para R$ 7,02, contra a média atual de R$ 6,57 por litro. Já o diesel, subiria em média para R$ 6,48 o litro, contra a média atual de R$ 5,60 o litro.
Mas no fim das contas, ficamos da seguinte maneira, amargando o valor médio no país de R$ 7,471 na gasolina, segundo o levantamento feito pela ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas. Apenas em São Paulo e no Amapá o preço ficou abaixo dos R$ 7,00, ou seja, R$ 6,981 e R$ 6,993, respectivamente.
Falando sobre o diesel, de acordo com o mais recente levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL), referente à primeira quinzena de março, após alta de 25% no preço do litro do diesel, o preço médio do combustível disparou mais de 15% quando comparado aos primeiros dias do mês.
No início da quinzena, o diesel comum vinha sendo comercializado, em média, a R$ 6,043. Logo após o aumento, o combustível passou a ser distribuído nas bombas a R$ 6,977, acréscimo de 15,5%. Já o diesel S-10 passou de R$ 6,120 para R$ 7,039, o que representa uma alta de 15%.
“O preço do diesel segue em disparada desde o início do ano e, após o reajuste nacional no preço dos combustíveis anunciado, o valor passa a pesar ainda mais no bolso dos motoristas, especialmente para os que abastecem no Nordeste”, aponta Douglas Pina, Head de Mercado Urbano da Edenred Brasil.

Quem é flex, usa etanol
De acordo com a ValeCard, com a alta da gasolina, o etanol passou a ser mais vantajoso nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. O preço médio do etanol no País, na primeira quinzena de março, foi de R$ 4,676. O combustível teve uma queda de 1,20% em relação a fevereiro, quando chegou a R$ 4,733.
Nos demais estados brasileiros, a gasolina ainda segue sendo mais vantajosa para se abastecer o veículo. O método utilizado nesta análise, descontando fatores como autonomias individuais de cada veículo, é de que, para compensar completar o tanque com etanol, o valor do litro deve ser inferior a 70% do preço da gasolina.
Impacto no Frete
Não tem solução, sobe o diesel, o frete tem que aumentar também, se não for assim, não tem compensação para o transportador, principalmente, que já estava reclamando dos preços praticados do óleo diesel. O próprio Conselho Nacional de Estudos em Transporte da NT&C Logística (Conet) se manifestou, afirmando a necessidade da recomposição do preço do frete em razão dos aumentos dos insumos do transporte.
Segundo o conselho, o aumento do preço do diesel, da ordem de 24,9%, acarreta a necessidade de reajuste adicional no frete de, no mínimo, 8,75%, fator que deve ser aplicado emergencialmente nos fretes, acumulando um reajuste total de 28,96% na carga fracionada e 28,82% na carga lotação.
A NT&C Logística reitera a importância de o transportador negociar a inclusão nos contratos antigos e colocar nos novos contratos um gatilho para os aumentos do diesel”, diz parte do texto.
Já a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) atualizou os coeficientes dos pisos mínimos do transporte rodoviário de cargas, mediante aplicação do percentual de 24,58% ao valor do óleo diesel utilizado para o cálculo das tabelas, o que resultou em uma variação de 11 a 14% do referencial mínimo de frete, a depender do tipo da carga e número de eixos.
Como sempre, quem pagará essa conta é o consumidor vem antecipando os especialistas, quem vai pagar essa conta é o consumidor, já que as empresas de transporte terão que repassar para a indústria e para o comércio o resultado dessa equação entre aumento de diesel e frete.
Gasolina – Preço médio por Estado em reais | ||||
Estado | 11 a 13 de março (R$) | 1 a 10 de março (R$) | Variação (R$) | Variação (porcentual) |
AC | 7,100 | 7,820 | -0,720 | -9,21% |
AL | 7,419 | 7,820 | 0,539 | 7,48 |
AM | 7,508 | 6,822 | 0,686 | 10,06% |
AP | 6,993 | 6,624 | 0,369 | 5,58% |
BA | 7,791 | 7,518 | 0,273 | 3,62% |
CE | 7,710 | 6,855 | 0,856 | 12,49% |
DF | 7,434 | 6,860 | 0,574 | 8,37% |
ES | 7,622 | 6,981 | 0,641 | 9,18% |
GO | 7,434 | 6,897 | 0,536 | 7,78% |
MA | 7,504 | 6,831 | 0,673 | 9,85% |
MG | 7,684 | 7,103 | 0,582 | 8,19% |
MS | 7,031 | 6,524 | 0,507 | 7,77% |
MT | 7,219 | 6,761 | 0,457 | 6,77% |
PA | 7,700 | 7,128 | 0,572 | 8,03% |
PB | 7,117 | 6,630 | 0,488 | 7,35% |
PE | 7,357 | 6,833 | 0,525 | 7,68% |
PI | 7,727 | 7,211 | 0,516 | 7,15% |
PR | 7,357 | 6,591 | 0,766 | 11,62% |
RJ | 7,740 | 7,240 | 0,500 | 6,91% |
RN | 7,883 | 6,979 | 0,904 | 12,95% |
RO | 7,577 | 6,950 | 0,606 | 8,72% |
RR | 7,628 | 7,022 | 0,606 | 8,63% |
RS | 7,030 | 6,385 | 0,645 | 10,10% |
SC | 7,094 | 6,502 | 0,592 | 9,10% |
SE | 7,608 | 7,097 | 0,511 | 7,20% |
SP | 6,981 | 6,433 | 0,548 | 8,51% |
TO | 7,478 | 6,991 | 0,486 | 6,95% |
Total | 7,471 | 6,909 | 0,562 | 8,14% |