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Sistema de recirculação de gás: quanto menos emissão melhor

Sistema de recirculação de gás: quanto menos emissão melhor

Sistema de recirculação de gás é o maior aliado das fabricantes de motores na luta contra a emissão de poluentes provenientes da queima do diesel

Texto: Carolina Vilanova | Fotos: Divulgação 

A qualidade do ar nas grandes cidades é realmente algo preocupante, por conta, principalmente, dos gases nocivos emitidos pelos veículos. Quando se trata de veículos diesel então, essa preocupação é ainda maior, tanto que já faz tempo que as fabricantes de motores e montadoras trabalham para reduzir o nível de emissões, hoje controladas pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE).

A maioria delas, no entanto, se utiliza de um sistema chamado EGR (Exhaust Gas Recirculation ou, recirculação dos gases de exaustão), que faz com que parte dos gases de escape, produzidos pela queima no motor, seja novamente introduzido na admissão e queimados novamente.

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Quando se reduz o teor de oxigênio na combustão é liberado menor teor de NOx, por consequência, a reintrodução dos gases de escape no motor está mais pobre em oxigênio introduzido nos cilindros.

O desenvolvimento do sistema EGR foi iniciado justamente para cumprir as rigorosas normas antipoluição que passaram a entrar em vigor, gradativamente, não só no Brasil, mas no mundo inteiro.

Mobilidade urbana 

Aqui, o Proconve começou em 1986, por meio de uma Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), e hoje estamos atualmente na fase Proconve P7, a versão brasileira para o Euro V, que já esteve em vigor na Europa e representa a quinta etapa de diminuição progressiva de emissão de gases.

A engenharia da Cummins explica que os dois principais poluentes que são controlados para motores diesel pesados são os óxidos de nitrogênio (NOx) e o material particulado (MP). Temperaturas de chama mais altas formam mais óxidos de nitrogênio e, por ser uma queima mais completa, formam menos material particulado. Por outro lado, caso a temperatura de chama seja mais baixa, ocorrerá um comportamento inverso: menor formação de óxido de nitrogênio e maior formação de material particulado.

Sistema de recirculação de gás: quanto menos emissão melhor
Motor Cummins ISF

Sistema de recirculação de gás

O engenheiro de Produto Vans da Mercedes-Benz, Luiz Gonzaga, conta um pouco como funciona o sistema no motor OM 651 LA com biturbo, que equipa as vans Sprinter. Ele explica que o ar entra no motor pela turbina e mistura com o combustível para que aconteça a combustão, quando sai do motor, ao invés de sair direto pelo escapamento, ele faz uma recirculação, já quente dentro do motor, e já sai com particulados devido à combustão.

“Os gases passam por dentro das tubulações do motor num segundo ciclo, dessa vez quente, trazendo eficiência para a queima e melhor combustão do veículo. Ao passar novamente, leva sujeira, pois ele é um gás que estava indo embora. Por isso, existe um filtro chamado DPF (filtro de partículas do EGR) que filtra o ar antes que ele passe no catalisador. Nesse momento as partículas são eliminadas, ou seja, não sairá no escapamento”, diz.

Esse ciclo se repete e repete, e com o tempo ele vai aumentando a quantidade de particulados no filtro DPF, e então o próprio sistema faz uma regeneração do componente. O EGR funciona com uma temperatura acima de 150º C, rotação abaixo de 40 km/h e o tanque não pode estar na reserva.

O que que faz essa reação é a composição do filtro e uma série de sensores ligados para que a função seja feita corretamente. Segundo o técnico da Mercedes-Benz, esse filtro não precisa de manutenção, não está no plano de revisão do carro. “Foi feito para durar a vida do motor, assim como o catalisador, contanto que seja utilizado combustível de boa qualidade. Se for usado combustível adulterado, o filtro vai trabalhar mais, assim como todo o conjunto.

Sistema de recirculação de gás: quanto menos emissão melhor
Motor OM 651 que equipa o Vito na Europa

Cuidados para melhor desempenho

A pergunta que o transportador faz é: Como eu devo lidar com esse sistema, o que muda na manutenção do veículo e da frota? Segundo a Cummins, por possuir uma combustão com temperatura de chama mais fria, os motores com EGR são mais sensíveis ao acúmulo de fuligem no óleo lubrificante. Desta forma, deve-se cumprir de forma rigorosa as instruções de manutenção do fabricante, caso contrário poderá ocorrer desgaste prematuro de anéis, bronzinas, cilindros, entre outros componentes.

Filtro DPF

“A manutenção preventiva de filtros influi na eficiência do EGR”, explica Luis Gonzaga. “Esse motor usa o diesel S10. Se usar o outro, a durabilidade do motor vai diminuir. Assim como um combustível de má qualidade vai contaminar mais, dificultar a queima na câmera de combustão, vai juntar mais sujeira dentro do motor quando estiver recirculando os gases, comprometendo a vida útil do motor, do catalisador, do filtro DPF e de sensores, que vão ter que trabalhar mais”, completa.

“É imprescindível que um motor com EGR opere com diesel de baixo teor de enxofre (S10). Caso o veículo seja abastecido com diesel de alto teor de enxofre (S500), ao longo do tempo ocorrerá a associação do enxofre com oxigênio e vapor de água, resultando em ácido sulfúrico no interior do sistema. Ao longo do tempo, este ácido poderá danificar o sistema de forma catastrófica”, finaliza o técnico da Cummins.

O motorista e a mobilidade urbana

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