Com o objetivo de promover debate sobre a mobilidade elétrica no Brasil, o Veículo Elétrico Latino-Americano é realizado em São Paulo. Segundo os organizadores, o evento é o mais importante do segmento na América Latina. O ambiente é ideal para o fortalecimento do networking do setor, disseminar conhecimento, novas tecnologias e gerando negócios que tenham potencial para tornar as cidades mais inteligentes e sustentáveis. O evento acontece até o dia 19 de setembro, no Transamerica Expo Center, localizado na Av. Dr. Mário Villas Boas Rodrigues, 387 – Santo Amaro.
Na cerimônia de abertura, o evento reuniu montadoras, fornecedores da indústria, especialistas do mercado e profissionais do setor, além do presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), Ricardo Guggisberg.
O presidente da NürnbergMesse Brasil, promotora do evento, João Paulo Picolo destacou a importância do evento para a conscientização sobre a inserção do veículo elétrico no Brasil e chamou atenção para a importância da criação de leis, incentivos fiscais e investimento em infraestrutura para o fortalecimento do setor de elétricos.
A sustentabilidade também ganhou destaque no evento. Guggisberg aponta que a eletrificação do setor de transporte público seria uma das alternativas mais eficazes para a redução de emissão de gases poluentes. Estes modelos são grandes aliados para alcançar as metas estabelecidas junto à COP 21 e no âmbito do Acordo de Paris.Os expositores demonstraram ânimo e acreditam que o evento é o lugar certo para expor ideias e produtos, por ser frequentado por autoridades municipais e profissionais que investem no mercado elétrico. Para o vice-presidente da BYD, Vagner Rigon, a feira é o lugar ideal para consolidação da marca. “É preciso que a sociedade entenda a necessidade de explorar novas tecnologias e popularizar os veículos elétricos”.
Na tarde desta segunda-feira (17), foi apresentado durante o Congresso da Mobilidade e Veículos Elétricos (C-MOVE), o estudo inédito sobre as perspectivas do veículo elétrico no Brasil e outros avanços no mundo. O estudo foi elaborado pelo Centro de Mobilidade da consultoria Mckinsey. O sócio associado do escritório de Detroit da Mckinsey, Patrick Hertzke, iniciou a apresentação apresentando quatro conceitos chaves: carro autônomo, conectividade, eletrificação e compartilhamento. Segundo ele, a consultoria se guia por esses macrotemas para estudar algumas tendências.
O principal dado sobre o Brasil foi a proporção que estuda o crescimento nas vendas de veículos híbridos e elétricos, que apontou que até 2030, 30% da frota brasileira vendida irá conter algum tipo de eletrificação. Ele também destacou que existem estudos em andamento para baratear o custo de etanol em veículos híbridos e também salientou que, por conta do combustível característico do Brasil, o país se encontra em uma boa posição no ranking dos países que menos poluem a atmosfera. “O Brasil possui ferramentas para chegar às frotas mais limpas do mundo, basta os incentivos corretos para isso”, completou.
O associado também destacou outros dados interessantes como: o case da Noruega, que, em apenas dois anos, já transformou um terço de sua frota em veículos eletrificados; nos próximos dois anos, 300 novos modelos de veículos eletrificados surgirão em todo mundo; até 2030, estima-se que serão necessários 55 bilhões de carregadores, devido ao aumento da frota mundial; a China manterá sua liderança de ¾ de todas as baterias vendidas no mundo e o local em que as pessoas mais carregarão os carros serão em seus locais de trabalho.
Bernardo Ferreira, sócio associado no Brasil, comentou dados do especialista americano e disse que o Brasil ainda possui muito a avançar, mas existem boas expectativas. “O Brasil vende dois milhões de carros por ano, e apenas 3000 são elétricos, é muito pouco. Apesar disso, começamos a enxergar algumas mudanças de comportamento, incentivo da indústria e investimento em novas tecnologias. Por isso precisamos entender o que precisa ser melhorado para avançarmos ainda mais”, concluiu.
Explorando o mercado de mobilidade urbana, a Riba apresenta, na capital paulista, o RibaShare, serviço de aluguel de scooters elétricas compartilhadas. O serviço custará R$0,59 por minuto e funcionará, inicialmente, nas regiões da Vila Olímpia, Itaim Bibi e Berrini. O aluguel da scooter funcionará por meio de um aplicativo em que o usuário poderá localizar a RibaShare mais próxima e fazer uma reserva. As scooters possuem sensores inteligentes que destravam o veículo assim que o usuário realiza o check-in, outra vantagem é que o produto possui um baú com o capacete, para maior segurança e praticidade do consumidor. Para devolvê-la é só estacionar na rua, em um local permitido pelas leis de trânsito, dentro da área de abrangência, sem a necessidade de levá-la ao ponto inicial. As motos estão isentas do pagamento em zona azul.
“Estamos otimistas e esperamos uma ótima aceitação do público. Nos baseamos muito no mercado europeu, que já possui alguns bons modelos de negócio como esse, que, inclusive, costuma ter mais oferta que demanda e essa é nossa expectativa. Somos pioneiros nesse segmento e esperamos expandir nosso negócio em um curto período”, projeta Fernando Freitas, CEO da Riba.
O executivo também conta que a frota inicial será de 50 scooters e que pretende virar o ano com 250 unidades. Até o final de 2019, serão 1250 RibaShares disponíveis. É possível percorrer até 90km com as motos elétricas e o limite de velocidade é de 50km/h, afim de evitar acidentes. Outras regras de utilização podem ser visualizadas na tela do aplicativo.
Quem estiver interessado, já pode se cadastrar no site da empresa e ficar na lista de espera para o lançamento do aplicativo, que acontece em outubro. O cadastro prévio também garante 15 minutos gratuitos no primeiro uso. Para pilotar uma scooter, é necessário possuir a habilitação do tipo A. A empresa também está realizando eventos de testes-drivers para que o público conheça o veículo.
O Secretário Municipal de Mobilidade e Transportes, João de Otaviano Neto, afirmou em sua apresentação no Congresso da Mobilidade e Veículos Elétricos (C-MOVE) que debater a eletromobilidade municipal é necessário, mas pensar em alternativas mais viáveis, como por exemplo no compartilhamento de veículos, torna-se uma prioridade para o momento.
Ele reconhece que a cidade não dispõe de uma infraestrutura adequada e que a rede não suportaria a imediata substituição da frota de ônibus à combustão por elétricos. “É necessário a releitura da matriz de veículos elétricos e garantir que haja a participação da indústria”.
Otaviano ainda cita que a implantação de infraestrutura para elétricos será um atrativo de novos negócios para a cidade. “A estrutura necessária não depende apenas de eletropostos espalhados por São Paulo, contudo será essencial a regulamentação da venda de energia para recarga dos carros”.
O secretário comentou também sobre a lei municipal promulgada em janeiro deste ano, que estabelece a redução de emissão de gases poluentes em 50% em até 10 anos e prevê a meta de zerar a emissão de poluentes nos próximos 20 anos. “ São Paulo é a primeira cidade da América Latina que gravou uma data para zerar as emissões”.
Também presente no painel, Ieda Oliveira, vice-presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), vê neste estabelecimento de prazos uma oportunidade de inserção de elétricos no transporte público. “Seria ideal para a cidade, pois é o momento em que São Paulo fará uma nova licitação para contratar empresas do transporte público”.
A congressista Alessandra Morais, engenheira mecânica, acredita que para criar um debate contundente sobre a popularização do mercado elétrico, é importante discutir novas regulamentações que fortaleçam aplicativos de caronas e de compartilhamento. “Concordo com a fala do secretário, pois para debater e disseminar a cultura do elétrico no Brasil é fundamental repassar ao consumidor um produto mais barato”.