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Dessalinização da água do mar

Categoria: ediçao atual – subcategoria: colunas

Meio Ambiente

Por Valquiria Stoianoff, jornalista formado pela Universidade Metodista

Em 1928, surgiu a primeira usina de dessalinização, em Curaçao. Na maior ilha do antigo arquipélago das Antilhas Holandesas, foi instalada uma estação dessalinizadora pelo processo da destilação artificial. O equipamento pioneiro, com uma produção diária de 50 m3 de água potável, evaporava a mistura em enormes colunas de destilação para tornar a água potável.

De lá pra cá, os processos de dessalinização foram refinados. O homem passou a usar da tecnologia contra a sede. A cidade de Masdar, localizada a 30 km da capital Abu Dhabi, será abastecida com água do mar da Arábia dessalinizada. Quando ficar pronta, até 2030, será a primeira cidade 100% sustentável do planeta.

A dessalinização da água do mar é um processo físico-químico de retirada de sais da água, tornando-a doce e potável. Quatro métodos diferentes, adotados em todo o mundo, promove a conversão da água salgada em doce: destilação, congelamento, osmose reversa e dessalinização térmica.

Pode parecer, em um primeiro momento, que a dessalinização resolverá o problema para a escassez de água limpa e potável em todo o mundo. Mas existem várias questões que precisam ser amplamente discutidas. Destaco duas desvantagens da dessalinização: o alto custo e o descarte de rejeito do processo de dessalinização.

Existem 7.500 usinas em operação no Golfo Pérsico, Espanha, Malta, Austrália e Caribe. Elas convertem, por ano, 4,8 bilhões de metros cúbicos de água salgada em água doce. O custo está em torno de US$ 2,00 o metro cúbico. Kuwait, Curaçao, Aruba, Guermesey e Gibraltar se abastecem totalmente com água doce retirada do mar.

Brasil – Cenário de escassez crescente

O Brasil consome 356 bilhões de metros cúbicos de água por ano. Só perde para a China, a Índia e os Estados Unidos. Mas a maior parte dessa água está concentrada em regiões menos habitadas. Nove estados do país estão no limite do estresse hídrico.

As primeiras experiências com dessalinização no Brasil começaram, em 1970, no Instituto Tecnológico da Aeronáutica-ITA. A Petrobrás, em 1987, desenvolveu um trabalho pioneiro de dessalinização para atender as plataformas marítimas.

Dez anos depois, em 1997, o Governo Federal criou o Programa Água Boa. Esse programa promoveu a instalação de dessalinizadores em todos os estados do semiárido.

Em 2003, no governo Lula, passou a se chamar Programa Água Doce. Também em 2003, foi instalado um dessalinizador na Ilha de Fernando de Noronha, que serviria em termos de efeito demonstrativo do método de dessalinização.

Para o professor Raymundo Garrido, ex-secretário Nacional de Recursos Hídricos, o principal problema do programa está na manutenção dos equipamentos, pois há um grande número de dessalinizadores sem funcionar. Outro ponto destacado por Garrido é a falta de participação da sociedade local, que tem permitido a omissão do poder público municipal.

O consumo de água doce no mundo é superior ao crescimento da população. E a maior parte da água encontra-se na forma salgada, em mares e oceanos. A dessalinização de águas é uma solução encontrada pelo homem cada vez mais aceita e pesquisada.

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